segunda-feira, 22 de abril de 2013

Quem é o Sentinela? Nós!

Nossa, quanto tempo eu não escrevo. Fazia tempo também que eu não emitia minhas emoções de tal forma.
Vou falar um pouco da minha vida, esse final de semana, teve uma coisa no meu CCN (Centro Cultural Nativista), chamada Aquecimento Cênico, do Leandro Araújo e sua turma. Nesse aquecimento, eles trabalharam nossas interpretações, e principalmente com nossas emoções.
E isso me fez pensar. 
Em um momento, trabalhamos a concentração, e nesse momento percebi, que como é fácil perder o foco, nós tínhamos que nos concentrar nas mãos e na música, porém, minha cabeça voou longe, me senti leve, como se só existisse eu no mundo inteiro, e que a música era a trilha sonora da vida, fui me movimentando, me libertando, sem tirar os olhos de minhas mãos,  em certos momentos, não enxergava nada, e nem sabia se estava concentrada ou não, e num repente tudo voltava ao real, sentia a presença de pessoas ao meu redor, porém, eu era intocável. Me esforcei para não sair do foco, e percebi que sentia uma necessidade de olhar para os outros imensa, mas ali só importava as minhas mãos, e eu mesmo. Me senti desenvergonhada de fazer os movimentos, de mover da ponta dos meus dedos das mãos, até a ponta dos meus dedos dos pés, rodopiar, mexer os quadris, alcançar o céu, e me esconder, sem me importar se os outros estariam me olhando ou não, eu me libertei pensando somente em mim mesma. 
E então, paramos, fechamos os olhos e entramos em um mundo só nosso, nos pediram pra imaginar a pessoa que mais odiamos, imaginar o rosto, seus olhos, cabelo, orelha, boca e novamente os seus olhos, e falar aquilo que prendíamos ali dentro, uma frase, mas mentalmente. Nesse momento fiquei confusa, pensei em algumas pessoas de inicio, mas percebi que não as ''odiava'', ódio é uma palavra muito forte, eu apenas não simpatizava, e poderia perdoar, e esquecer, e então rodopiei em meus pensamentos, até que sem perceber estava concentrada procurando apenas uma pessoa, a que mais me magoou, apenas com palavras, uma pessoa que amei como da família, e num instante, se transformou em ódio, não segurei minhas lágrimas, eu chorei, não sei se de tristeza ou de raiva, eu apenas queria que aquela imagem fosse embora, sumisse, e levasse todo o mal que fez junto consigo, e disse pra ela: "Você queria matar quem mais me deu amor, você não merece meu respeito, muito menos meu coração.", e chorei mais ainda. Finalmente abri os olhos, e retirei aquela raiva fazendo o que mais gosto, dançando, á cada passo que dava, e movimento que fazia, mais leve eu ficava, os movimentos eram firmes, e decididos, como um grito forte, me libertei, minha mente ficou tranquila e meu coração também. 
Paramos novamente, fechamos os olhos, e entramos em um mundo, que chamei de meu interior, agora era pra imaginarmos a pessoa que mais amamos na vida, fazer o mesmo processo, de imaginar seu rosto, olhos, cabelo, orelhas, boca e seus olhos novamente, e dizer uma frase. De imediato pensei em minha família, mas em especial na minha mãe, não sei como explicar tamanho sentimento que eu tenho por ela, mas sei que pela lei da vida, se ela eu não existiria, mas agradeço por ela em especial como mãe, me foge as palavras pra explicar tudo que sinto, eu simplesmente á abracei mentalmente, senti o calor de seu abraço e  ouvi ela dizendo '' te amo filha " bem perto de mim, novamente chorei, de olhos fechados chorei, pediram pra imaginar ela sorrindo, e percebi que gosto muito de ver ela sorrindo, e me dói ver ela chorando, então sorri também, apenas imaginando, e vendo seu sorriso aumentar ao ver o meu, percebi que á amo mais que tudo, e a frase que pensei, é bem conhecida, parece clichê, mas é a mais verdadeira: "Quem dera que por um descuido, Deus te fizesse eterna." Minhas lágrimas rolavam, mas pouco me importava, eu estava em paz de espírito. E dancei, mas dessa vez, meus passos eram tão leves que me senti no céu, queria mostrar para ela o quanto ela me fazia bem. 
Estive no extremo do amor, e do ódio, mas no fim, demonstrei e senti, o que o dia a dia não me deixa tempo.
Depois fizemos um show de risadas, só quem faz esse Aquecimento Cênico sabe, a explosão e mudança de humor e sentimento que sentimos em pouco tempo. 
No fim, caminhamos em uma praia imaginária, sentindo nossos pés no chão, e pensando em tudo, e nos fizeram pensar, em uma pessoa que a gente sentia falta, pensar em seus olhos, sua boca, seu cabelo, seu jeito, e fazê-la sentir de onde quer que fosse, que estávamos pensando nela. Não sei, mas me veio a imagem de um menino, que não cheguei a falar, nem conviver muito tempo, e a única explicação que me veio na cabeça foi: na minha família de sangue, minha "1ª" família, ninguém se foi, todos estão ao meu lado, e o Sentinela, é a minha 2ª família, querendo ou não, o que um sente, é o que todos sentimos, compartilhamos emoções dia após dia, de longe, de perto, nos vemos e convivemos muito. E assim, deu-se a imagem desse menino, eu vi seus olhos, vi suas orelhas, e por mais que eu nunca tenha o visto, ou se vi não prestei atenção, imaginei sua boca comendo enroladinho, que era o que mais gostava, vi novamente seus olhos e disse: Obrigada por me fazer entender o sentido da palavra "família" dentro do nosso CTG, e por me dar forças pra continuar, e por me revelar esse sentimento. E chorei, chorei e escutei que á minha volta todos choravam, e sei que não foi só eu que pensei em ti, eu ouvia os soluços á minha volta, e percebi que o meu se juntava, e mesmo sem ter o conhecido, chorei, e quis dar força á todos ali, queria abraça-los e dizer ''ele tá feliz por saber que nunca vamos esquecer dele", mesmo que alguns não estivessem pensando nele, e sim em outras pessoas, eu queria acolher todos. E no fim, pediram-nos que abraçássemos a primeira pessoa que estava ao nosso lado, foi como um porto seguro, fosse quem fosse, me aliviou toda a dor da perda que eu estava sentindo, e chorei mais ainda. 
Liberei emoções em 4h que eu sentia uma vida inteira. 
Acho que foi uma das melhores experiências da minha vida, e não é puxassaquísmo isso, é que realmente me fez pensar em muitas coisas e dar valor á muita coisa, principalmente ao grupo de pessoas que tenho, á família que tenho, que independente de juvenil, adulto, mirim ou xirú, somos um só. Obrigada.

E o que mais me fez pensar essa noite, foi quando nos perguntaram "Quem é o Sentinela?" e nós respondemos, com todas as nossas forças: "Nós!"

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